
Algumas propagandas de carro são conhecidas por terem "interpretações livres" de alguns recursos do veículo, para destacar itens que normalmente passam despercebidos pelo público. O último exemplo desse quesito são os comerciais do Caoa Chery Tiggo 8, que exaltam, entre outros atributos, a introdução no Brasil de um tal de "câmbio joystick".
O nome incomum pode chamar a atenção, mas o sistema não é novidade e nem se trata do primeiro carro nacional com a tecnologia. O tal do joystick é somente o controle eletrônico do câmbio e já está presente em nacionais desde o início dos anos 2010.
Normalmente o câmbio automático é ligado à manopla por cabos. Ao puxar a alavanca de P para Drive um fio de aço envia o movimento mecânico para atuadores na própria caixa. Esse conceito simples foi usado por décadas, mas vem sendo substituído por um sistema eletrônico nos últimos anos.
No Tiggo 8, no BMW Série 3 (um dos pioneiros da tecnologia no Brasil) e em dezenas de outros modelos a alavanca de câmbio passa a ser ligada a uma central eletrônica, que traduz os comandos do motorista para atuadores elétricos na caixa automática.
Há múltiplas vantagens. A primeira é que a alavanca de câmbio pode ser substituída por um comando giratório (como no Range Rover Evoque) ou por botões no painel. O carro também pode fazer a troca de Drive para Ré ou Parking sozinho, ideal para assistentes de estacionamento e até para a segurança: nesses veículos o câmbio pode ser travado em P sozinho após o veículo ser desligado, mesmo que o motorista se esqueça.
Por fim há o ganho no conforto, já que o tal joystick não movimenta pesados cabos de aço e, com isso, fica mais leve. Isso é especialmente útil nos casos em que o carro é (de maneira errada) estacionado em ladeiras com o câmbio em Parking antes que o freio de estacionamento seja acionado.
Lubrificado é melhor
Outro "rebatismo" nos comerciais do Tiggo 8 está no câmbio "Wet Clutch". Este é ainda mais conhecido dos consumidores: se trata da tradicional caixa automática de dupla embreagem mergulhada em óleo.
Os câmbios de dupla embreagem podem ter suas soluções. A mais simples é deixar os dois discos (um para as marchas pares, outro para as ímpares) operando de forma seca, ou seja, sem lubrificante entre eles, como em uma embreagem comum.
O problema disso é que um dos discos sempre vai estar desacoplado, e, sem o platô para apoiá-lo, ele pode vibrar e gerar ruídos, sobretudo em pisos irregulares. Isso foi alvo de reclamações entre donos da versão alemã do Volkswagen Golf 7 e, sobretudo, dos consumidores da caixa Powershift da Ford.
A solução é fazer com que as embreagens operem mergulhadas em óleo, que absorve os ruídos e, de quebra, aumenta a capacidade do câmbio de tolerar torques e potências elevadas.